O velho guindaste de 25 toneladas de elevação era o último a erguer-se orgulhoso de um passado de labor naval, ali mesmo a espreitar a Avenida 24 de Julho, entre a Rocha do Conde de Óbidos e Santos.
Fora construído em 1966 pela firma portuguesa MAGUE, em Alverca do Ribatejo, para o estaleiro da Rocha da Administração Geral do Porto de Lisboa, à época o mais importante de Lisboa, a funcionar desde 1899 e concessionado ao Grupo CUF desde 1937.
A sua encomenda e construção integrou-se num esforço de modernização do estaleiro na vertente da construção naval, numa altura em que aí se construíram duas fragatas da classe ALMIRANTE PEREIRA DA SILVA para a Marinha e se perspectivava a encomenda de uma série de fragatas ligeiras. Infelizmente para a indústria naval portuguesa, o contrato destes navios foi assinado com os alemães da Blohm & Voss e com um estaleiro espanhol, e construíram-se 10 unidades.
O guindaste fazia parte de um conjunto de unidades iguais, que foram desmantelados há uns anos, quando se procedeu também à destruição das carreiras de construção de navios. Ficou este sabe-se lá porquê, e entretanto tornou-se um ícone da paisagem ribeirinha lisboeta.
Está agora a ser desmantelado e a sua estrutura será levada para o Seixal e devorada nos fornos da Siderurgia.
Com o velho guindaste MAGUE desaparece mais uma memória das actividades marítimas tradicionais que caracterizaram o Porto de Lisboa durante séculos e fizeram a grandeza de Portugal.
Mais um acto de Desmaritimização, triste e ignoto. Assim se perde a memória das coisas e ficamos todos mais pobres.
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3 comments:
Que pena! Podia lá ter ficado nem que fosse como recordação. Também podiam ter deixado algum guindaste na Pontinha em memória dos muitos anos em que aquele porto era o único na Madeira para a entrada e saída de mercadorias. Mas não! Agora existe um terminal de passageiros (importante para um porto turístico como o Funchal) e um parque de estacionamento que na minha opinião só vai servir para trazer mais carros para o centro da cidade. E talvez para encher os bolsos de alguém!
Só neste Portugal tão mal governado , não há ninguém com bom senso que tome medidas para preservar algum deste nosso património.
Por menos ficamos com estas bonitas fotografias deste guindaste histórico, para mais tarde recordarmos o que foi um dia o porto de Lisboa.
JJS "Defesa Nacional"
Eu confesso que me sinto cansado disto.
Neste país de merda, tudo o que é passado, com história não interessa e é para deitar abaixo.
O meu filho só vai saber de certas coisas e ver certas coisas, pelas fotos e pelas histórias que lhe vou contando!
Somos uns tristes!
Aposto que nem um submarino vai ficar intacto nem uma corveta, nada de nada!
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