A propósito de bandeiras nacionais e da actual vaga de patriotismo futebolístico, deixem que vos diga alguma coisa sobre o assunto. Gosto de bandeiras. Da nossa bandeira. Esse gosto vem da alma e chama-se amor. A bandeira verde rubra
simboliza tudo o que somos de bom. E não há melhor forma de sentir toda a grandeza da bandeira do que ao vê-la flutuar na caranngueja do navio-escola SAGRES.
É a ligação da bandeira ao Mar. E a Marinha Portuguesa é a nossa melhor reserva de Mar.
Mar visto como um caminho que nos deu o Mundo quando, sentindo-nos uma ilha no canto ocidental das Espanhas, em vez de nos intimidarmos com o Atlântico, nos fizemos a ele e o transformámos em conhecimento aberto a todos.
Gosto de bandeiras e de navios. E da Marinha Portuguesa que tão injustamente tem sido tratada nos últimos anos. Não pode haver mesquinhês nos assuntos do Mar Português. E precisamos de Navios. E de Marinheiros. E de muita gente que saiba viver o Mar. Com o exemplo e a grandeza da Marinha, que desde sempre tem sido Portugal no seu melhor. Muito para além das intensidades futebolísticas.
Precisamos de muito Mar sempre. E queremos muitos Navios e Marinheiros. Sem mediocridades portuguesinhas, que se não coadunam com o mar do largo. Dois submarinos? Deviam ser pelo menos três para haver sempre no mínimo um operacional. Três é o mínimo. E a fragata DOM FERNANDO SEGUNDO E GLÓRIA que agora fica desterrada em Cacilhas devia ter atracação permanente na Ribeira das Naus. Como foi possível votá-la ao abandono no canto mais esconso da Doca do Espanhol? Aqui a APL portou-se muito mal. E qual é a graça de o Governo vir dizer que vai vender duas fragatas JOÃO BELO? Quem é que as quer para além de sucateiros? Gosto muito das João Belos, aprecio as suas linhas elegantes, e admiro os Marinheiros que continuam a cumprir as missões em navios totalmente desactualizados, mas actualmente apenas as fragatas VASCO DA GAMA têm algum valor militar. E não são novas. Estão a meio das suas vidas activas. E deviamos ter já planeada uma nova classe de fragatas novas a construir brevemente para substituir as quatro João Belos. E substituir as dez corvetas. E os dez Cacines. Por unidades adequadas às nossas necessidades actuais e às ambições marítimas que deviamos manter. Porque a nossa periferia europeia continua a indicar-nos as rotas do Mar.
Texto e fotografia de Luís Miguel Correia - 2006
